O desejo de revelar as realidades conflitivas de seus países estimulou os cineastas latino-americanos a explorarem o potencial político do cinema e, especialmente, do documentário, a partir de 1950. Em um contexto de aceleradas mudanças, sob a égide do desenvolvimentismo, diversos diretores voltaram seus olhares a territórios marginalizados do continente. Questionaram também os reais benefícios que a modernização traria ao histórico de exploração vivido pela América Latina. Araya (Margot Benacerraf, 1959, Venezuela) aborda essa questão ao acompanhar 24 horas de uma comunidade que vive da pesca e da produção artesanal de sal na península de Araya. Pretendemos analisar como Margot Benacerraf aproxima-se desse universo e como se posiciona com relação às bruscas modificações que Araya está por viver. Estabelece, ainda, conexões com outros documentários da região que propunham uma abordagem semelhante.
BARRENHA, Natalia Christofoletti. “As veias abertas da América Latina: um ensaio sobre Araya” in Rumores – Revista Online de Comunicação, Linguagem e Mídias, número 15, volume 8, janeiro-junho/2014. Disponível em:http://www.revistas.usp.br/Rumores/article/view/83574.